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  • Foto do escritorRedação LDZ

Arte em tempos de pandemia: músicos locais enfrentam efeitos da crise do coronavírus

Cancelamentos de shows, adiamento de novos lançamentos, suspensão de gravações foram alguns dos efeitos negativos que os artistas tiveram que enfrentar depois do início da pandemia causada pelo coronavírus. E essa não é uma realidade apenas de artistas nacionais, músicos de Imperatriz também sentem isso na pele e no bolso.


O primeiro caso de coronavírus no Brasil foi confirmado no fim de fevereiro, de lá para cá a pandemia tem provocado uma grande crise nas esferas sociais, tanto na saúde, quanto na política e economia. Hoje (14/04), o Maranhão conta com 478 casos confirmados e 32 óbitos. A cidade de Imperatriz registra 12 casos e mantêm medidas de isolamento social até o dia 16 de abril, quando o prefeito Assis Ramos vai decidir se mantêm ou flexibiliza a medida.

O isolamento social é essencial para que o contágio do coronavírus seja evitado, mas infelizmente ele trouxe muitas dificuldades, principalmente para quem é trabalhador informal e depende da prestação de serviços para obter renda. Esse é o caso dos artistas imperatrizenses, que viram bares e restaurantes fecharem, locais em que aconteciam suas apresentações e de onde tiravam o seu sustento.

O duo Café Rock, formado por Glaubert Abrahan e Luís Henrique, sabe bem como foi isso, eles tiveram que cancelar todos os shows de março a abril que já estavam agendados, uma média de 2 a 3 por semana. O vocalista, Glaubert Abrahan, conta que antes de parar totalmente, eles tentaram seguir com a agenda. "Desde o início dos noticiários sobre a doença, a gente já vinha seguindo as recomendações da OMS acerca do que fazer. Fazíamos a higienização dos nossos instrumentos, evitávamos contato direto com as pessoas.", ele relembra.

Apesar de manter todos os cuidados, eles tiveram que cancelar todos os shows alguns dias depois. Mesmo com a dificuldade financeira, Glaubert pontua que o isolamento social é importante e deve ser seguido. "A gente entende que essa paralisação é extremamente necessária. Somos a favor de que ela exista, porque os especialistas deixam muito claro a gravidade da doença e a importância de que cada um faça a sua parte", ele conclui.

Além do cancelamento de várias apresentações, a pandemia também causou um atraso nos processos criativos de músicas e clipes. O cantor Neres conta que o lançamento de um novo álbum e alguns videoclipes, que seriam lançados agora no início do ano, tiveram que ser adiados. "A minha sorte, ou não, depende de como a gente analisa, é que não dependo (ainda) diretamente de shows para conseguir ter renda mensal. É uma carreira, que anda em paralelo com as outras coisas que faço. ", ele aponta ao ser questionado sobre cancelamento de apresentações.

O músico e fotografo, Jefferson Carvalho, também viu seus projetos sofrerem com adiamentos. "Comecei a produzir meus dois novos singles e tive que parar por causa da pandemia e porque eu sabia que não ia ter dinheiro para bancar. Eu também ia fazer uma exposição, onde iam ter pocket shows, para poder engajar mais meu trabalho com a fotografia aqui em Imperatriz, que é o que me dá renda. Também tive que cancelar isso e suspender todos os projetos futuros.", ele explica.

Os editais de apoio

Diante das problemáticas enfrentadas pelos artistas, a prefeitura de Imperatriz e o governo estadual lançaram editais de apoio e incentivo à cultura. Em Imperatriz, 110 artistas foram contemplados no edital "A gente faz cultura em casa", que vai dar cachê para músicos realizarem apresentações ao vivo em plataformas digitais. O Governo do Maranhão lançou dois editais do programa "Conexão Cultural", o primeiro selecionou 286 inscritos e o segundo abriu mais 50 vagas. Os artistas, de diversas expressões culturais, se apresentam também de forma virtual.


O Café Rock foi selecionado em dois dos editais e Glaubert destaca essa medida de forma positiva. "Se a gente não toca, não tem renda. Entra aí a ajuda que a prefeitura e o governo do estado estão dando para nós. Lógico que fica longe da renda que a gente naturalmente faz no mês, mas já dá uma ajuda boa para enfrentar essa fase difícil.", ele conta.

Os cantores Neres e Jefferson Carvalho também acham que os editais são importantes, porém com algumas ressalvas. Neres indica que sente falta de novos nomes sendo beneficiados. " [Os editais] precisam abranger mais essa gama de artistas que ainda não tem um bom reconhecimento e que são de áreas que não são predominantes na região em que atuam.", ele especifica. Jefferson também sentiu o mesmo: "Eu senti falta de terem incluído mais a cena jovem da cidade.", ele aponta.

Ao vivo em casa

Diversos artistas brasileiros estão usando os espaços digitais para manter a sua arte viva e seus fãs próximos. As "lives", transmitidas pelo Youtube, Facebook e Instagram, estão fazendo um enorme sucesso no país, dezenas de artistas se comprometeram a fazer apresentações ao vivo e também a usar esse momento para pedir doações a fim de combater a crise. Marília Mendonça, Péricles, Bruno e Marrone, Valesca Popozuda, Gusttavo Lima, KLB, Matheus e Kauan foram alguns dos artistas que já se renderam às apresentações online.

Imperatriz também não vai ficar de fora da febre das lives, Neres já adiantou que pretende fazer uma apresentação e o Café Rock já fez uma. "A gente se surpreendeu muito com o resultado da live que realizamos. O público interagiu muito, respondeu bem, pediu música, participaram do início ao fim. Inclusive, ganhamos mais seguidores.", Glaubert comenta. Além dessa, o duo vai fazer mais duas lives em breve por meio dos editais em que foram selecionados.


Por meio de lives ou não, para Jefferson Carvalho o importante é continuar trabalhando criativamente. "A única coisa que eu posso fazer é continuar fazendo arte. Nesses dias em que estou em casa, estou tentando ao máximo desenvolver coisas, produzir conteúdo, tanto musical quanto de fotografia.", ele exemplifica.

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